Hana Yori Dango (anime)



Comentarei aqui somente sobre o anime de Hana Yori Dango (uma vez que essa obra possui também o mangá, filme e dorama).
A série foi publicada em 1992 mas o anime, se não me engano, é de 1996. O drama é de 2005. 
Sobre o anime: o traço, animação e conteúdo denunciam que a série é um pouco "antiga". Quando os personagens jovens e ricos para se comunicar precisam ligar para a casa um dos outros e quando estão na rua são incomunicáveis (não possuem celulares)... ou quando dizem que, durante uma viagem longa, vão escrever cartas, é porque a série é antiga! hahahahahaha
Possui 51 episódios mas a história é bastante simples: Eitoku Gakuen é uma escola onde só pessoas ricas estudam. Pessoas muito ricas e, claro, a personagem principal, uma menina muito pobre chamada Makino Tsukushi. 
No meio das pessoas ricas, existem os mais ricos ainda, o grupo F4, chamado de ... (ai gente, pior que isso é sério...)... chamado de "quatro flores". "Flores" no sentido de "preciosos". Essas 4 florzinhas mandam e desmandam em qualquer criatura se comportando, de maneira geral, de maneira imbecil e autoritária. Por um motivo irrelevante, Makino e os F4 brigam, e toda a escola passa a hostilizar e maltratar Makino. Depois de muita briga, o líder do F4 acaba se apaixonando por Makino, que por sua vez é apaixonada por outro (que também faz parte do F4). 

No começo fiquei bastante impressionada com o cenário escolar que é apresentado nessa série.
É preciso ser um pouco (bastante) perverso e sádico para construir um cenário tão doente e degradante como essa escola, onde não há figura de autoridade, onde todos estão sujeitos ao humor de quatro moleques que escolhem qualquer outro aluno, pelos motivos mais variados e fúteis, para ser alvo de todo tipo de agressão e violência.
Por outro lado, tão ou mais perturbados que o líder desses moleques, estão os próprios alunos da escola que prontamente assumem o papel de torturadores do pobre infeliz que foi escolhido como alvo da ira generalizada... ignoram completamente que nada impede que eles mesmos, no dia seguinte, possam virar alvo do massacre coletivo que eles mesmos promovem.
Que fique claro que estou falando de massacre mesmo, não de intimidação ou chacota que, cá entre nós, 10 entre 10 alunos sofrem normalmente durante sua vida escolar. Estou falando de agressões com taco de baisebol e amarrar um aluno com uma corda em um carro e dirigi-lo em alta velocidade. É, é esse tipo de "agressão" que os alunos dessa terra sem lei chamada Eitoku Gakuen impõem à vítima escolhida.
O que poderia ser um rico enredo sobre bullying e desingualdades sociais tornou-se, na verdade, um amontoado desproporcional de situações de humilhação e violência, sem quaisquer consequências para os agressores. Em certa medida, até sugere-se  uma justificação sutil pelo comportamento mesquinho e cruel fomentado pelo líder do quarteto.
Sinceramente não sei qual exatamente seria o contexto social que justifica ou qual exatamente era a intenção da autora ao retratar uma dinâmica humana tão desfuncional assim.
Por volta do episódio 15 a história toma aspectos do trandiocinal shoujo, com a protagonista no velho dilema de estar apaixonada por dois rapazes... e a história continua sem grandes surpresas.. a coisa só desanda quando o contexto da escola aparece em toda sua plenitude de comportamento esquisóide.
A trilha sonora é sinistra composta basicamente por solos de violino. Animação mediana com momentos muito ruins, sincronismo baixo e algum momentos de closes desnecessários, traços feios e desproporcionais.

Ficha dos personagens (ilustração só dos três principais)


Makino Tsukushi: Personagem principal, trata-se de uma verdadeira dama, como podemos constatar na imagem acima. 
Viciada em jogos de azar da época (espécies de tamagochis que dizem se a pessoa está com sorte ou não no dia... algo como horóscopo digital nipônico), se matriculou no colégio para atender aos anseios da mãe (casar com um homem rico). Makino finge que não atende a esse pedido, mas acaba se apaixonando justamente por um dos F4, a ameba chamada Rui.



Rui Hanazawa: Membro do F4. Alvo do amor da personagem principal. É um pouco mais comunicativo que uma samambaia, embora as samambaias sejam frequentemente mais expressivas que ele. Nosso amigo do reino plantae nutre uma paixão nada secreta por Suzuka (a ponto de ficar lambendo pôsteres fixados no centro da cidade com a foto da Suzuka causando constrangimento a todos que passam e se deparam com a cena). 
Suzuka, por sua vez, era uma das poucas meninas que tinham paciência (vulgo, saco), para interagir com ele na infância. Agora que são adultos, tentam engatar um romance mas as coisas não dão muito certo no começo. Como a série estava chegando ao fim e a autora não sabia mais o que fazer com o Rui, resolve trazer de volta Suzuka de Paris e os dois ficam juntos. Rui, assim como todo aluno dessa escola, nunca foi visto em sala de aula, de fato, estudando. Passa suas horas sentado nas escadarias tocando violino (uma tentativa frustrada da autora de deixá-lo mais estiloso.... ou simplesmente para justificar a trilha sonora do anime composta por agudos errantes de violino). Outra especialidade dele é olhar para o nada.



Tsukasa Doumyouji, o líder do F4: Tem uma personalidade maloqueira além de ser feio como a peste. Também nunca foi visto estudando, embora adore andar pelos corredores da escola. Gosta de mostrar sua conta bancária e os bícepces para os outros machos que o acompanham. Gasta bastante de seu tempo urinando nos móveis e, se possível, em outras pessoas. É um daqueles tipos de moleques (porque não dá para chamar "aquilo" de "homem"), que considera charmosa a própria estupidez. Doumyouji herdou a personalidade canina e autoritária da mãe, que, por sua vez, é tão macho que deve fazer xixi em pé. 

Mãe de Doumjoyuji: Esqueci o nome dela. Quando não está ganhando dinheiro, dedica-se a analisar possíveis candidatas para casar-se com seu filho. Aterroriza, mata, trucida e pica em retalhos qualquer menina que não é uma boa candidata a esposa. As candidatas, obviamente, precisam ter puro sangue, assim como os cavalos, para que a decendência e o nome do equino Doumyouji não seja maculada.

Akira Mimasaka e Soujirou Nishikado: os últimos dois dos F4. São os típicos "coadjuvantáços". Só servem para fazer volume, sem nenhuma contribuição importante. 

Urara-sensei: enfermeira da escola. Uma espécie de "Mestre dos magos" (do desenho "Caverna do dragão"). Aparece esporadicamente "do nada" para proferir algumas frases de impacto, normalmente usando como exemplo a flora da região. Gosta de se vestir de homem em ocasiões sociais e pode ser encontrada em qualquer lugar da escola, menos na enfermaria, onde deveria trabalhar.

Outros personagens secundários (ou não tão secundários assim): Makino tem alguns amigos que não contribuem em absolutamente nada. Aparece uma noiva arranjada pela mãe de Doumyouji... a moça não é má pessoa, de fato tem até mais personalidade e é mais agradável que a própria Makino. Acaba se tornando essencial para que os dois (Makino e Doumyouji) ficassem juntos no final. 

Tirando as cenas de linchamento público, violência gratuita e explícita, impunidade, inconstância emocional e ritmo devagar, o anime não se destaca positivamente, em minha opinião, em nada. Tinha ainda a esperança de que a série se redimisse mostrando o amadurecimento do Doumyouji, no sentido dele se arrepender do tempo em que era um otário violento, ou das suas uma: parasse de mamar na mãe ou parasse de reclamando da vida sem liberdade que possui... ora... se acha tão ruim usufruir da riqueza da família, caia fora e vá arrumar um emprego.. ou pára de reclamar da vida, meu! aff
Foi bastante frustrante não acompanhar a melhora de nenhum aspecto. A escola continuou sendo um lugar de massacre para aqueles que não se encaixam nos padrões sociais e a própria Makino não evoluiu, pelo contrário, nos últimos episódios mostra-se cada vez mais perdida e sem foco. 
No final de tudo, trata-se de uma série que tenta lidar com  bons temas, mas consegue fazê-lo desajeitada e superficialmente, explorando de maneira extrema a parte de violência sem, com isso, resolver a questão. Ficou parecendo que usaram as brigas para agradar o público que adora uma pancadaria. Depois a história foi para o outro extremo, sendo inundada de dramas emocionais e inseguranças. 
Normalmente eu alivio quando uma série fica meio esquisita e eu sei que existe um mangá, porque é muito comum a animação ter poucos episódios (por volta de 26) para tratar de muito conteúdo escrito (normalmente volumes e volumes). Mas em Hana Yori Dango não tem perdão. Em 51 episódios há tempo de sobra para desenvolver temas muito mais complexos do que aqueles abordados na série. Há muita perda de tempo nos episódios, diálogos pausados demais, ritmo lentíssimo, muitas cenas com personagens contemplando coisa nenhuma (e se ainda tivesse alguma ideia brilhante depois desses momentos de meditação, "tudo bem!", mas nem isso!).
Série muito fraquinha mesmo... não chega a ser um desastre completo, mas definitivamente não é boa, nem mediana é. 
Fiquei bastante decepcionada com esse anime... talvez o mangá ou o drama sejam melhores... mas o anime, definitivamente não recomendo. Perda de paciência, tempo e saúde mental.


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