Quando penso na protagonista Tomoko Kuroki o sentimento é... pesar...
Eu não gostei do anime, mas ele é um bom anime. Tem uma temática
interessante e desperta coisas não só nos adolescentes como nos adultos.. ele
nos trás a memória coisas que gostaríamos de esquecer.. (na real, é isso). É um
anime repleto de cenas constrangedoras, que nos provoca um mal estar aliado a
uma simpatia e sentimento de pena e desespero. Talvez mexa com o melhor e o pior do que é
ser jovem.... um jovem desajustado tentando se ajustar.... e como isso pode ser
ridículo e doloroso ao mesmo tempo..... huahauahuhua Eu acho que o sentimento que
envolve o anime é exatamente esse... situações absurdamente ridículas mas que
causam um sofrimento absurdo.
Essa mocinha desperta a compaixão de qualquer pessoa.... porque não é possível
alguém pagar tanto mico assim em tão pouco tempo. São 12 episódios que senti
muita vergonha alheia. Coitada dessa menina. Por outro lado, Tomoko realmente é
admirável. Por muito menos a maioria das pessoas se trancaria em casa e não
sairia mais, mergulhados em uma profunda depressão.. hehe.. mas Tomoko não só
sai de casa e enfrenta suas atividades diárias na escola - apesar de sofrer
toda aquela fobia social, mas também quer, e tem esperanças que as coisas
mudem, quer e trabalha (sim, muitíssimo desajeitadamente) para que as coisas
melhorem.
Tomoko tem severas dificuldades no quesito "habilidades
sociais", sendo incapaz de interagir com a maioria das pessoas sem passar
por grande desconforto (ansiedade, não consegue falar o que quer, etc).
Vive suas atividades diárias (escolares) em isolamento e
silêncio, canalizando sua energia em atividades mentais, tais como construção
de todo tipo de fantasias e idealizações de si, desejando ser popular e rodeada
de amigos. Paralelamente, vê com desprezo as colegas de classe que de certa
forma conseguem vivenciar as experiências que ela tanto deseja. Se por um lado
despreza os colegas, por outro há um sentimento imenso de carência e
necessidade de ser aceita.
Impressiona um pouco a maneira crua, misturada com
tragicomédia que reina no anime. Tomoko lutando contra suas correntes e
mostrando o que na verdade, quase sempre acontece na vida real nesses casos:
muitas situações difíceis, humilhantes e solidão. Também é realista o
desenrolar da história: mesmo com muita força de vontade e esforço, de fato, os
avanços concretos surgem, mas são quase sempre lentos, gradativos. Tomoko
evolui nesses 12 episódios? Sim, mas lentamente.
Durante o anime, grande parte das situações bizarras em que
ela se mete são causadas por ela mesma (por exemplo, mentir que o garoto da
biblioteca era seu namorado, sabendo que a chance de reencontrá-lo era alta e,
consequentemente, haveria confusão na certa.... ou usar o aspirador de pó para fazer
marcas no corpo - momento vergonha alheia hahahahah - quem em sã consciência
não percebe que isso vai acabar mal?).
Para piorar, Tomoko é uma jovem adolescente, descobrindo a sexualidade, e essa
condição de pânico social que ela desenvolveu, aliado a necessidade de ter
pessoas próximas e até a necessidade de ter contato físico, resultou num certo
traço de personalidade "pervertido" que.... francamente.... só rindo
para não chorar diante de tantas fantasias absurdas................ rs
O que também podemos assinalar nessa confusão toda é o papel
dos pais... que no caso são um tanto quanto negligentes a respeito da saúde
mental dessa garota. Quem acompanha meus comentários de seriados e animes sabe
muito bem que quase sempre eu dou razão aos pais e adultos responsáveis e sou
mais dura com os jovens protagonistas, mas dessa vez o puxão de orelha são para
os adultos. Poxa! Será que não deu para perceber a personalidade da filha? Será
que não acendeu aquela luzinha de alerta que os pais deveriam ter? rs...
Voltando ao anime.... fora essa certa omissão paternal, não temos grandes
problemas.. quer dizer.. grandes problemas temos, mas faz parte do tema...
Quem espera um "final feliz" onde Tomoko é rodeada
de amigos e perfeitamente ajustada a rotina escolar, esqueça. Talvez a mensagem
principal seja, apesar de todos os problemas, continue... no melhor estilo,
"pague o mico, solte-o na floresta e continue a viver."
hauhauhauhauah
Espero que o mangá (que eu não estou lendo mas parece que está em andamento
ainda) evolua no sentido de Tomoko superar certas barreiras que a impedem de
ter mais contato social sem, para isso, perder a sua personalidade. Esse
negócio de só os extrovertidos são felizes e o ideal é estar sempre rodeado de
gente alegre, festas e coisas assim é um modelo que nos enfiam goela a baixo.
Introspectivos simplesmente não curtem essas coisas, mas podem sim ter uma vida
social bacana.
Espero que Tomoko pare de achar que precisa se tornar uma outra pessoa, com
outra personalidade, para poder ser feliz com os outros e consigo. Que ela ache
esse equilíbrio, respeite seu próprio jeito de ser mas que também supere
medos e bloqueios para que possa se relacionar melhor com os outros. É preciso
apreciar as companhias. A dos outros e a de si. =)
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